domingo, 22 de setembro de 2013

Árvores lisboetas

Quando me perguntam do que mais sinto saudades da minha vida em Bruxelas, respondo sempre: 'Dos passeios na floresta.' Há, muito perto do centro de Bruxelas, uma floresta magnífica onde eu ia passear quase todos os fins de semana. Esses passeios eram um momento de oxigenação, beleza, poesia e sensualidade indispensável na minha rotina bruxelense.

Ao vir para Lisboa, pensei que ia encontrar na praia o contacto com a natureza que procurava nessas idas à floresta, mas enganei-me. Ir à praia é maravilhoso, e já não passo sem os meus banhos de mar e de luz, mas não me preenche da mesma forma que as minhas longas caminhadas no verde.

Felizmente há no centro de Lisboa árvores absolutamente fantásticas e cuja observação me transporta por momentos para longe do zumzum urbano. Aqui ficam algumas das que recentemente surtiram esse efeito sobre mim:


1. O Cedro-do-Buçaco do Príncipe Real


2. As palmeiras



3. Árvore no Jardim Botânico




4. Árvore no jardim do Palácio do Marquês de Pombal

domingo, 15 de setembro de 2013

Feels like we only go backwards


A culpa é dela

Há cerca de 3 semanas aceitei que um primo meu me passasse os episódios de uma série que ele andava a ver. Desde então que faço pouco mais do que papar episódio atrás de episódio. A série em questão é 'Suits', uma série de advogados tipicamente americana: muito bem feita, com bons actores, ainda que um pouco irritante por ser politicamente correcta, prevísivel e cheia de bons sentimentos. Gosto especialmente dos diálogos e da banda sonora. Aqui fica um exemplo de cada um:

Harvey a falar com o Mike: You were giving me shit this morning because I come and go when I want to. You know why I can do that? When I got here I dominated. They thought I worked a hundred hours a day. Now, no matter what time I get in, nobody questions my ability to get the job done. Get it through your head: First impressions last. You start behind the eight ball, you'll never get in front. 

Genérico:




Volto quando acabar a terceira série (já está quase).

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Top 3: O pior de estar de volta a Portugal


1. Ouvir-me a dizer, poucas semanas após o meu regresso: ‘Isto é tudo uma palhaçada. São todos iguais, todos uns patetas, incompetentes e corruptos. Não há qualquer respeito pelo cidadão... ’ e blablabla - já conhecem o discurso. É verdade que não ajudou haver uma crise política logo à minha chegada, mas mesmo assim fico triste de tão rapidamente começar a dizer mal dos nossos governantes - sejam eles passados, actuais ou futuros. Afinal de contas eu ainda acredito que a política e a administração de Estado são causas nobres - pelo menos em teoria. 

2. Passar por situações que fundamentam o ponto número 1 e que, curiosamente,  estão todas relacionadas com o meu automóvel (desde auto-estradas às moscas, à enorme dificuldade para legalizar o meu carro, passando pelas alterações aleatórias e repentinas de onde é ou não autorizado estacionar nesta cidade). Ou há uma conspiração contra o meu querido Polo de matrícula belga, ou a Direcção Geral da Viação e companhia é um verdadeiro problema neste país. 

3. Não há ponto número três. Por enquanto ainda estou na fase de lua de mel e por lá vou ficar mais uns tempos. Ajuda o facto de hoje ter tido uma tarde de praia fantástica.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Top 3: O melhor de estar de volta a Portugal

Faz hoje três meses que voltei para Portugal (note-se que isto significa que cheguei no dia 10 de Junho, o que, não tendo sido propositado, interpreto com sendo um bom presságio).

Já passei por muitos altos e baixos, emoções e desilusões, clichés e surpresas. Hoje deixo-vos aqui o  meu top 3 do melhor de estar de volta a Portugal*:

1. Estar perto da família. No meu caso muito perto mesmo, pois partilho a morada com a maioria dos meus familiares mais próximos. Posso passar uma semana inteira sem os ver ou sequer os cruzar nas escadas, mas sei que estão aqui por perto. Sei que não vou falhar mais aniversários nem jantares de domingo. Sei que lhes posso sempre ir bater à porta, seja para cravar um jantar, pedir o número de telefone de um electricista capaz ou simplesmente usufruir da sua companhia. E isso, após 12 anos de vida longe de casa, é impagável.

2. O tempo: sempre igual. Mas não vou desenvolver este ponto para não irritar os meus amigos que vivem em terras onde, por esta altura, já apetece ligar o aquecimento central.

3. Poder falar a minha língua em todo o lado. Parece - e é - óbvio, mas tem sido uma fonte de bem-estar que eu não tinha de todo antecipado. Foi ao sentir um enorme alívio por poder falar em português no café, nos correios, no banco, que realizei a energia que a pessoa gasta quando tem de tratar de todas as pequenas tarefas diárias numa língua que não é a sua. Lembro-me de sentir um calorzinho interior quando ia à mercearia portuguesa de Bruxelas, mas nunca associei isso ao facto de poder lá falar português. Pensava que era porque lá havia embalagens de papa Cerelac, conservas da Compal, Belgas, croquetes e rissóis congelados. Ou porque me ofereciam um cafezinho na altura de pagar e que me tratavam por ‘menina’. Mas agora percebo porquê: é porque a pessoa só se sente realmente em casa na sua língua.


* Os cépticos que tenham paciência, também há um top 3 do pior que não deixará de aqui ser publicado brevemente.

domingo, 8 de setembro de 2013

400 em 1

"No ciclo da História de Portugal que se iniciou com a fundação do reino no século XII e se finaliza no século XVI com um categórico corte ideológico, encontramos três fases com os seus tempos fortes: a da fundação, a da consolidação, e a da expansão. A cada um destes tempos fortes podemos associar um dos grandes monumentos nacionais: Alcobaça no tempo da fundação, Batalha no tempo da consolidação do reino de Portugal, e os Jerónimos no tempo da epopeia marítima, da expansão. Em paralelo, mais esotericamente, Tomar está presente em todo esse ciclo glorioso da História Mítica Portuguesa, ciclo que termina no século XVI com a entrada da Inquisição em Portugal e a neutralização da Ordem de Cristo."
- Paulo Loução in Lugares Inesquecíveis de Portugal

Fui recentemente visitar, pela primeira vez, o Convento de Cristo em Tomar. Fiquei deslumbrada com a riqueza arquitectónica daquele monumento que tanto me transportou para o universo do ‘Game of Thrones' como me fez sentir num palácio florentino da Renascença, ou ainda num riad na Medina de Marrakech. É, como explica a citação acima transcrita, um concentrado fascinante dos primeiros 400 anos da História de Portugal. Recomendo a todos a visita e pergunto: parece-vos bem esta sala para a minha festa de casamento?






quarta-feira, 4 de setembro de 2013

À mesa dos adultos

“Ficas à mesa connosco” disse-me um amigo da minha mãe em casa de quem passei uns dias este verão, querendo com isto dizer que tinha posto um lugar para mim à ‘mesa dos adultos’ (isto numa casa cheia de adolescentes).

Apesar de ter recentemente cumprido 30 anos, de viver sozinha desde os 18 e de ser financeiramente independente desde os 22, aquele convite para juntar-me ao mundo dos adultos foi recebido com um certo espanto. Não que eu não adore ser adulta e tivesse preferido sentar-me à ‘mesa das crianças’ - bem pelo contrário, nunca me senti tão bem na minha pele e nunca tive tanta confiança de que o melhor ainda está para vir. Se há uma coisa que eu NÃO desejo é voltar atrás no tempo. Daqui para a frente é sempre a'ndar.

Mas ali estava uma pessoa que me conheceu pequena, média e grande, e cuja reacção expectável seria de continuar a ver em mim a criança que fui outrora, no lugar da adulta que sou hoje. Penso que, para os nossos avós, pais, tios, irmãos mais velhos - todos aqueles que nos conheceram crianças - nós nunca ‘graduamos’ a 100% do mundo dos ‘pequeninos’. Há uma parte de nós que será sempre criança, e uma parte ‘deles’ que será sempre ‘maior’ do que nós. Ainda no outro dia levei uma tia minha às compras. Ao voltar para o meu carro, ela dirige-se naturalmente para a porta do condutor e, ao aperceber-se da situação, diz, a rir: “Desculpa, tu para mim ainda és pequena.” O que eu recebi com ternura. Afinal de contas, ela para mim ainda é ‘grande’.

É que it goes both ways. Tanto é preciso ser-se recebido entre pares à mesa dos adultos como é preciso ter vontade de agarrar esse lugar e deixar para trás o conforto de ter quem decida por nós - pelo menos o tempo de uma refeição.