quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um projecto

Se conhecer é o primeiro passo para amar, como gostar de um país se não ficamos íntimos da sua História*, e, acrescento eu, da sua gente, literatura, gastronomia, geografia ...

* Passeio ao Alto Minho, de Lúcia Machado de Almeida

Um dos meus projectos para esta temporada de férias alargadas (ainda me sobram 4 meses) é estudar a história de Portugal e visitar o país. Tenho muitas lacunas que quero colmatar, não só por uma questão de cultura geral, mas também para tentar resolver um assunto pessoal.

A verdade é que, sendo eu franco-portuguesa de apelido russo, tendo estudado sempre em francês e vivido entre os 18 e 30 anos fora do país, às vezes penso que o que mais tenho de português é o meu nome: Maria João. Mais português não há: aquele é um nome que não existe em mais parte nenhuma do mundo. Quantas vezes tive eu de explicar a estrangeiros que não, João não é ‘Jane’, nem ‘Jeanne’, nem ‘José’. Que apesar de João ser masculino, o nome ‘Maria João’ era feminino. Quantas versões diferentes eu ouvi do meu nome, quantas vezes eu acabei por baixar os braços e dizer: ‘Just call me Maria, it’s fine’.

E o que há por trás desse nome tão nosso? Uma mãe portuguesa, o domínio da língua lusa, familiares ao serviço da pátria. É muito, mas no meu caso não parece ser suficiente para dissolver a sensação difusa de fraude que surge quando digo ser portuguesa.

De acordo com Ernest Renan, um dos pilares essenciais da nação é a "vontade de continuar a fazer valer uma herança que se recebeu íntegra". É essa herança em falta que eu espero começar a recuperar e absorver nos próximos 4 meses, com o objectivo de começar a sentir-me mais ligada ao país e à minha identidade profunda. 

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